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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Como se cria um brinquedo?



CRESCER foi até a cidade de Buffalo, em Nova York (EUA), para conhecer a sede da Fisher Price e ver como os brinquedos são testados pelos maiores especialistas no assunto: pais, mães, e, claro, bebês e crianças

Fernanda Carpegiani *

Um simples botão de “Aperte aqui!” ou “Try me!” pode ser o suficiente para saber o que um brinquedo faz, que tipo de sons emite, e se o seu filho vai gostar ou não dele. Mas você sabia que muito antes de você fazer esse teste final, aquele produto passou pelas mãos de mães, pais e crianças (além de especialistas, claro) incontáveis vezes? E mais: que isso modificou seu design, adicionou novas funcionalidades e eliminou outras? CRESCER foi até Buffalo, em Nova York, a convite da Fisher Price para conhecer os laboratórios de testes e pesquisas em que são desenvolvidos os brinquedos da tradicional empresa de brinquedos norte-americana. E viu de perto como as crianças e suas famílias estão envolvidas em cada parte do processo: desde a primeira ideia do produto até sua avaliação final antes de ir para as lojas. 
O começo de tudo
Existem três etapas básicas de criação do brinquedo: design e desenvolvimento, engenharia e fabricação. E tudo começa com um palpite. “As ideias surgem de várias fontes. Algumas vezes são sugestões de mães e pais, mas também fazemos seções de brainstorming. Os testes de observação com bebês é uma das formas mais inspiradoras para ter ideias, que é quando vemos o bebê interagindo com o brinquedo e identificamos suas reais necessidades”, afirma Gary Weber, diretor sênior de design de produtos para bebês e recém-nascidos de 0 a 12 meses. Com o esboço de um novo produto, os especialistas criam modelos, que são protótipos já muito próximos do que será brinquedo, e dão para os bebês e crianças testarem. Isso acontece em várias etapas do processo, sempre que os especialistas querem se certificar de que tudo – botões, funções, estética, tamanho – está adequado para aquela faixa etária. “Às vezes a interação dos bebês com os brinquedos modifica o produto. Acontece de termos que voltar alguns passos no processo de desenvolvimento, para refazer ou readaptar alguma coisa”, conta Gary Weber.

   Divulgação
Do primeiro modelo ao produto final: protótipos do Pelicano Divertido


Foi esse o caso do Pelicano Divertido, um brinquedo que tem uma boca grande com três bolinhas coloridas dentro. Em sua primeira versão, a boca do bicho era muito pequena e ficava difícil para os bebês enfiarem a mão para pegar as bolas. Aos poucos os especialistas foram aumentando a boca até que ficasse totalmente confortável e acessível para os pequenos. Outro exemplo é a Cozinha Aprender e Brincar, que foi diminuindo conforme era testada e avaliada. A ideia era fazer o melhor brinquedo pelo melhor preço e ocupando o menor espaço. No final, os especialistas conseguiram diminuir o tamanho da cozinha sem perder nenhuma função. Esse processo de desenvolvimento costuma durar de 8 semanas a 3 meses. Para chegar ao mercado leva mais um ano, aproximadamente. Todo esse investimento em pesquisas e testes é feito para garantir que os brinquedos sejam atrativos, sim, mas que também atendam às necessidades das crianças e ajudem a desenvolver suas habilidades motoras, verbais e cognitivas. 

Os testes com bebês e crianças acontecem no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Fisher Price, dentro de sua sede, em Buffalo. Foi lá que surgiu o primeiro espaço formal de testes de brinquedos com crianças, em 1961. O Play Lab, como é chamado hoje, é uma sala com vários brinquedos na qual pesquisadores observam e interagem com as crianças. Existe uma lista de espera com cerca de 10 mil famílias, e mais de 3500 crianças de 3 a 5 anos passam por lá todos os anos. Cada grupo, sempre com três meninas e três meninos, visita o local duas vezes por semana durante 8 semanas. “Nós observamos as crianças brincando e como elas interagem com os produtos. Se estão brincando de acampar, por exemplo, perguntamos o que está faltando para deixar a brincadeira mais divertida, como uma panelinha diferente, e aí passamos essas informações para os desenvolvedores de brinquedos”, conta Carol Nagode, gerente sênior de pesquisa infantil. Existem ainda outras salas nas quais são realizados testes e estudos com bebês e recém-nascidos, além de um estúdio que reproduz uma casa, com sala, cozinha e banheiro, para testar os produtos como cadeirões, boosters e carrinhos de bebê.
Testes físicos
Além de serem avaliados por pais, mães e crianças, os brinquedos também precisam passar por testes de qualidade. No Laboratório de Integridade do Produto, os especialistas observam a resistência dos materiais sob diferentes tipos de situações, desde testes de inflamabilidade (para ver em que temperatura o produto pega fogo), de limite de decibéis (para saber qual deve ser o volume dos sons de cada produto) e de força (para ver até que ponto o brinquedo pode ser esticado e quanto de peso e de atrito ele agüenta sem soltar pequenas peças). 

Eles também têm chapas de metal que imitam o tamanho da circunferência da cabeça de crianças de 3 a 5 anos e são colocadas nos espaços dos brinquedos para garantir que elas não fiquem presas ali. “Os buracos precisam sempre ser maiores do que a cabeça de uma criança de 5 anos ou menores do que a de uma criança de 3 anos”, diz Joel Taft, gerente sênior de Integridade do Produto. Ou seja, ou passam todas ou não passa ninguém!
Conversa com as famílias
A dona de casa Terri Hasseq, 28 anos, não tinha a menor ideia de que os brinquedos que comprava para os filhos Jackson, 5 meses, e Gavin, 2 anos e meio, passavam por tantos testes e pesquisas antes de ir para as lojas. Agora, ela também faz parte desse processo. Há cerca de um ano, quando estava fazendo compras na loja da Fischer Price – que fica na sede da empresa –, ela viu um anúncio convidando mães a testarem brinquedos em casa, chamado de In Home Test. Terri preencheu a ficha de inscrição com a idade de seus filhos e passou a receber e-mails com informativos, até que chegou sua vez de testar os produtos em casa. A cada mês a empresa escolhe 30 mães de um banco de dados de 5 mil voluntárias. Elas respondem a uma pesquisa online e depois recebem o brinquedo em casa, onde ele fica por 2 semanas para as crianças brincarem à vontade. Como agradecimento, essas mães recebem de US$ 20 a US$ 25 ou um vale-brinquedo. Quando os pesquisadores visitam sua casa para fazer perguntas e observar, elas recebem um adicional de U$ 50. 

Na casa de Terri, os brinquedos ficam todos espalhados pela sala. No dia de nossa visita, ela estava testando um novo balanço portátil, que toca música, tem brinquedos pendurados e se movimenta para embalar os bebês. A primeira impressão de Jackson sobre o produto não foi muito boa: ele chorou e não quis ficar preso ali. Mas na segunda tentativa, o pequeno se acalmou e acabou adormecendo no vai e vem do brinquedo. Seu favorito, na verdade, é o Jumperoo, uma espécie de pula-pula em que o bebê fica sentado com cinco tipos de brinquedos diferentes acoplados. Já o mais velho, Gavin, se diverte com os bonecos de sua coleção Little People, especialmente os do super-herói Batman e seu parceiro Robin. 

As mães também participam de painéis e discussões feitos na sede da empresa. Lá elas se reúnem com especialistas e pesquisadores para discutir ideias e novos produtos. Emily, mãe de um bebê de 7 meses, é dona de casa e diz que fazer parte destes grupos faz com que ela se sinta importante. “Como não trabalho, meu filho é minha carreira, então estou aqui investindo nele e fazendo a minha parte.” As outras mães também argumentam que é muito bom conhecer outras mães, discutir sobre brinquedos e brincadeiras e dar sua opinião sobre o assunto. Uma delas conta que comprava os produtos simplesmente porque eram bonitos. Hoje, como conhece o processo de criação de cada um deles, ela escolhe de acordo com o que o brinquedo desenvolve na criança.

BABÁ ELETRÔNICA, CÂMBIO DESLIGO

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