CRESCER foi até a cidade de Buffalo, em Nova York (EUA), para conhecer a sede da Fisher Price e ver como os brinquedos são testados pelos maiores especialistas no assunto: pais, mães, e, claro, bebês e crianças
Fernanda Carpegiani *
Um simples botão de “Aperte aqui!” ou “Try me!” pode ser o suficiente para saber o que um brinquedo faz, que tipo de sons emite, e se o seu filho vai gostar ou não dele. Mas você sabia que muito antes de você fazer esse teste final, aquele produto passou pelas mãos de mães, pais e crianças (além de especialistas, claro) incontáveis vezes? E mais: que isso modificou seu design, adicionou novas funcionalidades e eliminou outras? CRESCER foi até Buffalo, em Nova York, a convite da Fisher Price para conhecer os laboratórios de testes e pesquisas em que são desenvolvidos os brinquedos da tradicional empresa de brinquedos norte-americana. E viu de perto como as crianças e suas famílias estão envolvidas em cada parte do processo: desde a primeira ideia do produto até sua avaliação final antes de ir para as lojas.
O começo de tudo
Existem três etapas básicas de criação do brinquedo: design e desenvolvimento, engenharia e fabricação. E tudo começa com um palpite. “As ideias surgem de várias fontes. Algumas vezes são sugestões de mães e pais, mas também fazemos seções de brainstorming. Os testes de observação com bebês é uma das formas mais inspiradoras para ter ideias, que é quando vemos o bebê interagindo com o brinquedo e identificamos suas reais necessidades”, afirma Gary Weber, diretor sênior de design de produtos para bebês e recém-nascidos de 0 a 12 meses. Com o esboço de um novo produto, os especialistas criam modelos, que são protótipos já muito próximos do que será brinquedo, e dão para os bebês e crianças testarem. Isso acontece em várias etapas do processo, sempre que os especialistas querem se certificar de que tudo – botões, funções, estética, tamanho – está adequado para aquela faixa etária. “Às vezes a interação dos bebês com os brinquedos modifica o produto. Acontece de termos que voltar alguns passos no processo de desenvolvimento, para refazer ou readaptar alguma coisa”, conta Gary Weber.

Do primeiro modelo ao produto final: protótipos do Pelicano Divertido
Foi esse o caso do Pelicano Divertido, um brinquedo que tem uma boca grande com três bolinhas coloridas dentro. Em sua primeira versão, a boca do bicho era muito pequena e ficava difícil para os bebês enfiarem a mão para pegar as bolas. Aos poucos os especialistas foram aumentando a boca até que ficasse totalmente confortável e acessível para os pequenos. Outro exemplo é a Cozinha Aprender e Brincar, que foi diminuindo conforme era testada e avaliada. A ideia era fazer o melhor brinquedo pelo melhor preço e ocupando o menor espaço. No final, os especialistas conseguiram diminuir o tamanho da cozinha sem perder nenhuma função. Esse processo de desenvolvimento costuma durar de 8 semanas a 3 meses. Para chegar ao mercado leva mais um ano, aproximadamente. Todo esse investimento em pesquisas e testes é feito para garantir que os brinquedos sejam atrativos, sim, mas que também atendam às necessidades das crianças e ajudem a desenvolver suas habilidades motoras, verbais e cognitivas.
Os testes com bebês e crianças acontecem no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Fisher Price, dentro de sua sede, em Buffalo. Foi lá que surgiu o primeiro espaço formal de testes de brinquedos com crianças, em 1961. O Play Lab, como é chamado hoje, é uma sala com vários brinquedos na qual pesquisadores observam e interagem com as crianças. Existe uma lista de espera com cerca de 10 mil famílias, e mais de 3500 crianças de 3 a 5 anos passam por lá todos os anos. Cada grupo, sempre com três meninas e três meninos, visita o local duas vezes por semana durante 8 semanas. “Nós observamos as crianças brincando e como elas interagem com os produtos. Se estão brincando de acampar, por exemplo, perguntamos o que está faltando para deixar a brincadeira mais divertida, como uma panelinha diferente, e aí passamos essas informações para os desenvolvedores de brinquedos”, conta Carol Nagode, gerente sênior de pesquisa infantil. Existem ainda outras salas nas quais são realizados testes e estudos com bebês e recém-nascidos, além de um estúdio que reproduz uma casa, com sala, cozinha e banheiro, para testar os produtos como cadeirões, boosters e carrinhos de bebê.
Testes físicos
Além de serem avaliados por pais, mães e crianças, os brinquedos também precisam passar por testes de qualidade. No Laboratório de Integridade do Produto, os especialistas observam a resistência dos materiais sob diferentes tipos de situações, desde testes de inflamabilidade (para ver em que temperatura o produto pega fogo), de limite de decibéis (para saber qual deve ser o volume dos sons de cada produto) e de força (para ver até que ponto o brinquedo pode ser esticado e quanto de peso e de atrito ele agüenta sem soltar pequenas peças).
Eles também têm chapas de metal que imitam o tamanho da circunferência da cabeça de crianças de 3 a 5 anos e são colocadas nos espaços dos brinquedos para garantir que elas não fiquem presas ali. “Os buracos precisam sempre ser maiores do que a cabeça de uma criança de 5 anos ou menores do que a de uma criança de 3 anos”, diz Joel Taft, gerente sênior de Integridade do Produto. Ou seja, ou passam todas ou não passa ninguém!
Eles também têm chapas de metal que imitam o tamanho da circunferência da cabeça de crianças de 3 a 5 anos e são colocadas nos espaços dos brinquedos para garantir que elas não fiquem presas ali. “Os buracos precisam sempre ser maiores do que a cabeça de uma criança de 5 anos ou menores do que a de uma criança de 3 anos”, diz Joel Taft, gerente sênior de Integridade do Produto. Ou seja, ou passam todas ou não passa ninguém!
Conversa com as famílias
A dona de casa Terri Hasseq, 28 anos, não tinha a menor ideia de que os brinquedos que comprava para os filhos Jackson, 5 meses, e Gavin, 2 anos e meio, passavam por tantos testes e pesquisas antes de ir para as lojas. Agora, ela também faz parte desse processo. Há cerca de um ano, quando estava fazendo compras na loja da Fischer Price – que fica na sede da empresa –, ela viu um anúncio convidando mães a testarem brinquedos em casa, chamado de In Home Test. Terri preencheu a ficha de inscrição com a idade de seus filhos e passou a receber e-mails com informativos, até que chegou sua vez de testar os produtos em casa. A cada mês a empresa escolhe 30 mães de um banco de dados de 5 mil voluntárias. Elas respondem a uma pesquisa online e depois recebem o brinquedo em casa, onde ele fica por 2 semanas para as crianças brincarem à vontade. Como agradecimento, essas mães recebem de US$ 20 a US$ 25 ou um vale-brinquedo. Quando os pesquisadores visitam sua casa para fazer perguntas e observar, elas recebem um adicional de U$ 50.
Na casa de Terri, os brinquedos ficam todos espalhados pela sala. No dia de nossa visita, ela estava testando um novo balanço portátil, que toca música, tem brinquedos pendurados e se movimenta para embalar os bebês. A primeira impressão de Jackson sobre o produto não foi muito boa: ele chorou e não quis ficar preso ali. Mas na segunda tentativa, o pequeno se acalmou e acabou adormecendo no vai e vem do brinquedo. Seu favorito, na verdade, é o Jumperoo, uma espécie de pula-pula em que o bebê fica sentado com cinco tipos de brinquedos diferentes acoplados. Já o mais velho, Gavin, se diverte com os bonecos de sua coleção Little People, especialmente os do super-herói Batman e seu parceiro Robin.
As mães também participam de painéis e discussões feitos na sede da empresa. Lá elas se reúnem com especialistas e pesquisadores para discutir ideias e novos produtos. Emily, mãe de um bebê de 7 meses, é dona de casa e diz que fazer parte destes grupos faz com que ela se sinta importante. “Como não trabalho, meu filho é minha carreira, então estou aqui investindo nele e fazendo a minha parte.” As outras mães também argumentam que é muito bom conhecer outras mães, discutir sobre brinquedos e brincadeiras e dar sua opinião sobre o assunto. Uma delas conta que comprava os produtos simplesmente porque eram bonitos. Hoje, como conhece o processo de criação de cada um deles, ela escolhe de acordo com o que o brinquedo desenvolve na criança.
Na casa de Terri, os brinquedos ficam todos espalhados pela sala. No dia de nossa visita, ela estava testando um novo balanço portátil, que toca música, tem brinquedos pendurados e se movimenta para embalar os bebês. A primeira impressão de Jackson sobre o produto não foi muito boa: ele chorou e não quis ficar preso ali. Mas na segunda tentativa, o pequeno se acalmou e acabou adormecendo no vai e vem do brinquedo. Seu favorito, na verdade, é o Jumperoo, uma espécie de pula-pula em que o bebê fica sentado com cinco tipos de brinquedos diferentes acoplados. Já o mais velho, Gavin, se diverte com os bonecos de sua coleção Little People, especialmente os do super-herói Batman e seu parceiro Robin.
As mães também participam de painéis e discussões feitos na sede da empresa. Lá elas se reúnem com especialistas e pesquisadores para discutir ideias e novos produtos. Emily, mãe de um bebê de 7 meses, é dona de casa e diz que fazer parte destes grupos faz com que ela se sinta importante. “Como não trabalho, meu filho é minha carreira, então estou aqui investindo nele e fazendo a minha parte.” As outras mães também argumentam que é muito bom conhecer outras mães, discutir sobre brinquedos e brincadeiras e dar sua opinião sobre o assunto. Uma delas conta que comprava os produtos simplesmente porque eram bonitos. Hoje, como conhece o processo de criação de cada um deles, ela escolhe de acordo com o que o brinquedo desenvolve na criança.
MATÉRIA REPRODUZIDA DE Crescer - NOTÍCIAS - Como se cria um brinquedo?
BABÁ ELETRÔNICA, CÂMBIO DESLIGO